(…)O Fantasma dos natais futuros estava entre os túmulos, e apontava para um em especial. Scrooge andou até ali tremendo. O fantasma estava ali sem se mover, mas temia que ele notasse um novo significado para a sua figura solene.
“Antes que eu chegue mais perto daquela inscrição que você aponta” dissse Scrooge, “me responda a uma questão. Essas são só sombras de coisas que vão realmente acontecer, ou que poderiam acontecer apenas?”. O Fantasma permanecia imóvel apontando para baixo, para a inscrição do túmulo. “O curso dos homens vai levar a certos destinos, aos quais, se perseverarem, devem alcançar” – disse Scrooge – “Mas se desviarem desse curso, os destinos mudarão. Me diga se é isso que você quer me mostrar.” – O Fantasma permanecia imóvel como sempre.
-Charles Dickens – A Christmas Carol
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Sente-se e converse por dez minutos com um agente de seguros, e deixe ele citar tudo o que ele sabe sobre as taxas de mortalidade na geração da Segunda Guerra Mundial. Eu garanto para você, que há um aspecto sinistro nisso. Eu estou trazendo esse assunto porque, assim como o “Fantasma do Futuro”, os Maçons Livres tem gasto os últimos 15 anos apontando para o túmulo, e culpando os nossos declinantes números de membros, que já foram 4 milhões durante os anos de explosão, e os quais tiveram o timing muito ruim de passarem ao oriente eterno em um taxa recorde na última dúzia de anos.
Uma vez que você estiver suficientemente entediado com o seu agente de seguros, dê uma ligada para o seu Grande-Secretário, e pergunte a ele como variaram as taxas de mortalidade nos últimos anos, e compare com as perdas por abandono ou não-pagamento das taxas de Loja. Prepare-se para um choque. Na maior parte dos EUA e Canadá, as perdas por morte natural estão diminuindo, enquanto que as perdas por Maçons desistentes da fraternidade estiveram crescendo a uma taxa alarmante. Ah… e se você quiser saber, nós temos mantido uma boa e saudável quantidade de iniciações todos os anos. Mas os homens os quais nos temos iniciado, passado e elevados tem cada vez mais respondendo com um “não, obrigado” para o que a Loja tem a oferecer. Os números de membros continuam a diminuir, mas não de causas naturais ou de diminuição nas iniciações. A verdade é, que estamos levando nossos membros à morte… de TÉDIO.
Já se entendeu a muito tempo que a geração do Baby Boom não se juntou aos Maçons. Como resultado, há uma diferença de cinco décadas entre a geração de homens que mantém a Maçonaria viva para nós e os homens que estão agora tomando posições de liderança na fraternidade. Em qualquer outro momento da história da Maçonaria, cada geração sucessiva vem em intervalos de aproximadamente 25 anos, trazendo inovações às suas Lojas e na Maçonaria como um todo, refletindo suas necessidades e desejos. A Maçonaria sempre se adaptou para servir às sociedades nas quais reside. Agora, ao invés de vinte e cinco anos de ajustes na direção, a Maçonaria está sofrendo de cinqüenta anos de endurecimento de hábitos (e artérias).
Não muito tempo atrás, eu visitei uma Loja que passa por esse momento de endurecimento. A um tempo atrás, eles chegaram a ter mais de 1800 membros. Hoje, eles foram reduzidos à 200. E esse não é um caso incomum na fraternidade, que artificialmente diminuiu de tamanho durante a grande guerra, mas para homens que vem sucesso e falha apenas em termos estreitos de estatísticas numéricas, tornou-se uma emergência de proporções épicas. Há membros naquela Loja que se lembram vivamente daqueles dias, como se fosse ontem. eles se lembram das noites de passagem de grau, com 150 maçons nas colunas. Eles se lembram das danças, e das festas de Natal, e das viagens em enormes grupos. Eles se lembram dos jantares quando o salão estava lotado até o teto, com as crianças correndo como abelhas pelo salão, enquanto alguns membros proeminentes tentavam fazer seus discursos. Eles sentem-se profundamente nostálgicos, e se espantam com o fato de não mais de 8 membros comparecendo na médias dos encontros hoje em dia. Eles não tiveram nenhum candidato à iniciação nos últimos quatro anos, e eles literalmente imploraram para seus membros para vir e participar. Ninguém aparece.
Os homens que mantém a Loja improvisadamente viva tentaram fazer coisas que eles tem feito quando a maior parte deles foram iniciados a meio século atrás. Os mesmos oito homens se encontram para uma frugal refeição antes do seu encontro mensal. Eles abrem a Loja com perfeição no ritual. Eles lêem as minutas e as contas. Raramente há algum assunto, velho ou novo. Eles fecham a Loja e abandonam o edifício rapidamente, chegando em casa à tempo de pegar o horário nobre da televisão. Nos últimos cinco anos, os mesmos oito membros tem trocados de posição como oficiais, e eles ficaram cansados disso. Eles estão realmente cheios disso. Então, eles decidiram juntar a sua Loja com outra e acabar com isso.
Como em qualquer ponto de virada dessa magnitude, todos os 200 ou mais membros foram notificados da reunião. Apenas onze se importaram de aparecer e votar a eutanásia da sua Loja. Eles não tiveram nenhuma objeção para salvar a sua Loja. Eles simplesmente queriam escorregar-se para o outro grupo, devolver a sua Carta e os seus 140 anos de história, e apagar isso da memória. Eles mataram a sua própria Loja falhando em aceitar mudanças, e de fato, muitos deles mostraram-se furiosos quando alguns irmãos de fora vieram a sua Loja e tentaram ressuscitar a sua loja na última hora, interferindo com os seus planos de suicídio silencioso.
Eles não fizeram nada para atrair novos membros. Mas também eles não se preocuparam em satisfazer os seus membros atuais. Eles não estavam quebrados. Eles foram filhos da Depressão. Eles tinham praticamente 200mil libras no banco. Então, porque eles não fizeram nada para interessar os seus membros que envelheciam? Viagens de ônibus para Branson, Cruzeiros de 100 libras para o Caribe. Viagens em cassinos. Viagens para lugares maçônicos na Inglaterra. Viagens à Terra Santa. Jantares sofisticados. Palestras sobre saúde. Seminários sobre investimentos em aposentadoria. Computadores para a loja enviar e-mails para os netos. Corridas de cadeira de rodas motorizadas. Resumindo, dar aos seus membros uma razão para continuar comparecendo a loja, e a continuar amando isso.
Nem se quer eles fizeram nada para atrair os novos membros. Eles alugaram o Templo da Loja no grande edifício da Potência, e da mesma forma como na maior parte da relação entre locadores e locatários, eles achavam que não poderiam melhorar nada do salão por não serem os reais proprietários do imóvel. Manutenção esta ria sempre na responsabilidade de alguém mais. Será? Se pelo menos tivessem providenciado uma iluminação melhor, restaurar as cadeiras e bancos que ainda estavam com o couro original da primeira guerra. trocar o triste carpete puído, talvez por um daqueles carpetes em xadrez que os EUA adotaram largamente, que mencionamos em nosso ritual mas que quase ninguém parece ter. Resumindo, fazer a Loja parecer um lugar nobre que valha a pena comparecer. Fazer ela parecer alguma coisa que vale a pena ingressar.
Então comece a exigir que os membros participem da loja – não se preocupando sobre quem ser qual oficial ou a memorizar quais partes do ritual. Promova as discussões sobre a Maçonaria, sua história, seu simbolismo, sua filosofia. Visitem ativamente outras Lojas e ajudem com as passagens de grau. Procure voluntários interessados em outras atividades na manutenção do prédio, ou a ajudar algum dos grupos da comunidade, forme grupos que se encontrem mais frequentemente que a Loja. Nós falamos muito da caridade e ajudar a comunidade, então vamos começar a doar tempo, e não apenas a assinar cheques. E não importa se não conseguir muita gente disposta a se tornar oficial da Loja, mas apenas membros de colunas.
Isso porque, uma vez que o lugar parecer estar cheio de habitantes, ocasionalmente tornando-se uma Loja ativa e vibrante, pode ser que alguns de seus netos interessem-se em tornar-se Maçons, porque eles viram a Maçonaria em ação, ao invés de maçons senis e inativos. O autor de livros de negócios James Otole diz: “Pessoas que não s valorizam não agem para mudar a sua condição”. Mesmo uma Loja que tenha apenas oito membros ativos, tem entre os seus participantes os recursos para acordar, e para fazer coisas que possam torná-los realmente felizes ali, e em algumas vezes, até mesmo se surpreenderem.
Liderança não tem idade, e não há limites na imaginação. Mas uma Loja tem que significar algo para os seus membros. Ela tem que permanecer parte da sua vida, todo dia, toda semana, todo mês. Porque uma vez que seja mais divertido, ou pelo menos estressante, ficar num sofá assistindo televisão do que comparecer à Loja, então nós os perdemos. Ninguém jamais voluntariamente ingressaria em um clube de memorização, e ninguém quer juntar-se à mais antiga, grandiosa e legendária organização do mundo, apenas para ganhar uma sentença perpétua de sanduíches frios feitos de carne suspeita, refrigerantes “genéricos”, e reuniões mensais com nada além de leituras de ata, prestações de conta, e reclamações recorrentes e petulantes sobre porque ninguém mais comparece às reuniões. Seja honesto com sigo mesmo. Que ser humano racional, sendo sério, quer enfrentar o desconforto de sair de casa na hora do hush, para escutar alguém durante vinte minutos relatar que – uma vez mais – nada aconteceu no último mês?
Vão ser as Lojas que propuserem atividades programadas para os seus membros ativos – qualquer que seja a atividade eles – que vão sobreviver e prosperar no futuro. Mas aqueles que orgulhosamente se mantiverem com a opinião de que Loja não é um evento, que Loja é apenas mais e mais reuniões, que Loja é a mais ordinária das coisas, essas são aquelas Lojas que vão literalmente entediar-se até a morte. Essas são as Lojas que vão escorregando silenciosamente até a noite eterna. E as sombras das coisas que poderiam ser terão desaparecido dando lugar à realidade concreta do Templo vazio.
“Fantasma do Futuro!” Exclamou Scrooge, “Eu temo você mais do que qualquer outro Espectro que tenha visto. Mas como sei que o seu propósito e me fazer o bem, e como eu espero viver para me tornar um outro homem diferente do que fui, Estou preparado para compartilhar a sua companhia, e a fazê-lo com um coração eternamente grato”
Gil Leça
Loja Brasília 1693